“Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. (1 Cor 13,13)
Padre José Kentenich ao refletir essas palavras de São Paulo ele dizia:
Sabemos que nossa profissão principal é o amor. Temos profissões principais e profissões secundárias. Uma profissão secundária é, por exemplo, ser cozinheira, outra pode ser professora, a outra enfermeira. Todas são formadas para serem eficientes num determinado campo de trabalho, mas o mais importante não é isso, o mais importante é nossa profissão principal: o amor. A profissão secundária é apenas a forma concreta de realizarmos a profissão principal.
Por exemplo, quando me lançaram na prisão e me vi assim condenado à inação, enquanto antes estava em plena atividade, pensei: e agora? Mas logo me disse que tudo aquilo não era mais do que a profissão secundária. O principal continua igual, porque em toda a parte podemos amar.
Conosco deve acontecer o mesmo. Precisamos primeiro perguntar-nos o que é, afinal, o amor. O amor é uma força unitiva e assemelhadora. Com certeza todos queremos tornar-nos nobres, inteiramente nobres, puros e humildes. Para consegui-lo, eu poderia aspirar a cada uma das virtudes, mas isso não é o mais importante. É melhor a alma aspirar logo ao principal, ao amor, que abrange todas as virtudes.
Dom Bosco dizia: “Ama e depois faze o que quiseres!” Creio que não é bem assim, é melhor dizermos: Ama e não farás o que queres, porque quando amamos alguém, nossa vontade se identifica com a vontade da pessoa amada e o coração segue a. Então, os dois aspectos são verdade: ama e não farás o que queres! E: ama e depois faze o que queres!
O mesmo nos acontece em relação a Jesus. Se amarmos Jesus, também nos tornaremos semelhantes a ele e todas as virtudes crescerão ao mesmo tempo em que o amor. Este nos une e nos assemelha à pessoa amada, como podemos observar no matrimônio e olhando para nossos pais.
Segundo: como se chega ao amor? O amor é despertado pelo amor. Precisamos acreditar, saber e por vezes sentir que somos amados, precisamos cultivar a consciência de que por trás de todos os acontecimentos está o amor de Deus. É por isso que, na meditação, nunca podemos saborear suficientemente as provas do amor de Deus em nossa vida.
Precisam refletir todas as manhãs na meditação: como o bom Deus me mostrou ontem o seu amor? Não podemos nunca saboreá-lo suficientemente. O bom Deus me ama como a pupila de seus olhos! Não cuidamos com toda atenção da pupila de nossos olhos? Acredito realmente que o bom Deus me ama assim? Acredito pessoalmente, em relação a mim, ou só sei dizê-lo aos outros com palavras bonitas? Preciso aplicá-lo a mim pessoalmente!
Imaginem na meditação, por exemplo, uma catedral ou uma capela, no cimo da qual está o bom Deus. Agora, a inteligência constrói uma ponte até ao bom Deus e se pergunta como o bom Deus ontem me presenteou seu amor. Como me deu, ontem, alegria? A inteligência reconhece: o bom Deus me ama como um pai e o coração segue a inteligência. Não nos entregamos a Deus apenas com a inteligência, mas também com o coração. Precisamos amar o bom Deus com a inteligência e com o coração!
Mas não queremos amar somente a Deus, queremos nos amar também mutuamente. Dom Bosco diz: o educador é aquele que ama e nunca deixa de amar. Se quereis ser amados, amai! Precisamos presentear muito amor a nossas crianças, amá-las de coração, não com a intenção de conquistarmos seu amor, mas amá-las singelamente, naturalmente. Mas não basta amá-las, também precisamos mostrar-lhes que as amamos através dos sacrifícios que fazemos por elas.
(Pe. Kentenich, 20 de março de 1947, Santa Maria/RS)